Saturday, July 16, 2005

Minha pequena.

E ela vem e olha pra mim. E eu olho pra ela. E eu a chamo pro duelo, e ela começa bem, mas fica com um pouco de medo, que eu, sabiamente, finjo que não tenho. Funciona, e na seqüência eu reparo nessa veia grande que a pequena tem na testa, e que pulsa, muito mais quando ela sorri e estica a cara toda. Essa veia que pode bem ser uma artéria, importando nada ou quase, pro seu sorriso moreno de olhinhos quase-puxados. Essa veia, que sobe sangue pra cabeça, vem do coração dessa mulher e isso tudo acaba levando amorarmonia, paixão poesia pras idéias, que saem perfumadas e coloridas. Suas idéias são essas lindas, idéias que levam a mobilização de sentimento e que acabam culminando com um sorriso a 1432 km de distancia (sorriso anônimo), três dias depois, na velocidade do olhar sorrir, provocar sorriso, levar e buscar vida. Essa moça é pequena, não liga nada pra isso, diz que fica muito brava, o que ainda não presenciei, e espero com um bocado de ansiedade. Ah paixão... Ainda brava comigo. Não agüento. Ela que acha que eu não levo a sério suas crenças e percepções acaba me levando muito a sério e esquece que de crenças eu também tenho as minhas. Mas de fato todo esse jogo de ilusão e fé se perde quando a mordo, a beijo e mais ainda mordo sua bunda numa recusa enorme e num movimento de resistência a qualquer metafísica, preocupando unicamente com a materialidade de sua carne.
A pequena que é grande em olhos e desejo de minha pessoa. Mulher que fuma e que pede uma falsa permissão, como se importasse meus anseios salutares, porque ela vai e fuma, mas com respeito. Na cama acho bonito que ela fume depois, quando estamos os dois pelados e cansados. Nós que surgimos depressa um pro outro, andamos a nos conhecer. Eu acabo que sei que ela sabe mais de mim do que eu dela. Ela garante que tem surpresas. Espero que as tenha por muito tempo. Minha flor, que é de fato uma perigosa menina, que é uma grande mulher no sentido de saber me deixar tarado, ainda finge certo pudor desnecessário, mas singelo. E ela cabe toda nos meus braços e eu gosto muito do tanto que ela cabe em cima de mim e de como ela nasceu pra esse lugar. Ela deita sobre meu corpo e fica, às vezes dói em uma costela, às vezes eu olho pra ela e fico. Ela deve até procurar minha alma e eu vejo sua retina e acho bonita. Gosto dela de forma um pouco ciumenta e egoísta, mas acho que entre nós dois seria ideal uma ilha, e nada mais.