Tenho uma inveja silenciosa dessas pessoas que vem do interior para estudar, ou mesmo viver, na cidade grande. Carregam nos olhos uma vontade grande de conhecer o mundo, que segundo eles, existe. Carregam também esse charme de quem vem de um outro planeta, de quem tem um lugar com nome no coração. Chegam aqui, na cidade, para explorá-la tal qual Marco Pólo ou algum outros desses famosos exploradores sobre os quais nunca li. Rompido o laço, que nos prende junto à saia da mãe, rompe-se qualquer fronteira. E eles avançam, impiedosos, e comendo pela beiradas.
Tenho inveja desse interesse que eles demonstram para com nossos vícios e hábitos e que acabarão também adquirindo, mas mantendo essa distância de quem nunca vai se acostumar com a naturalidade de uma buzina. Possuem uma espécie de ingenuidade e ambição, se lançam ao espaço, fora de suas cidades pequenas, e chegando aqui descobrem, sempre, que o lá já não é tão longe. E eu fico aqui, parado, com essa inveja sincera.
Tenho inveja desse interesse que eles demonstram para com nossos vícios e hábitos e que acabarão também adquirindo, mas mantendo essa distância de quem nunca vai se acostumar com a naturalidade de uma buzina. Possuem uma espécie de ingenuidade e ambição, se lançam ao espaço, fora de suas cidades pequenas, e chegando aqui descobrem, sempre, que o lá já não é tão longe. E eu fico aqui, parado, com essa inveja sincera.
6 comments:
Lindo Rafael. . . Até parece q vc sabe do q tá falando...Gostei!
Tô sentindo isso agora, esse esquema de vir de outro planeta. Minha amiga africana diz que queria gostar de algum lugar tanto quanto eu gosto do Brasil, pois ela já viveu em tantos lugares que nem tem mais uma identidade clara cultural e, portanto, não sente falta de lugar algum. Verdade é tbm que a gente sai do lugar, se interessa pelas outras culturas, mas é muito foda se inserir naquela cultura mesmo ou "acostumar com a naturalidade de uma buzina", ahco que isso deve levar anos pra acontecer. Mas achei um pouco de preconceito esse esquema seu do pequeno-para-o-grande, Cambridge é um ovo e é foda se acostumar também com a tranquilidade, com a segurança, com poder ir pra todo lugar de bicicleta...
É mas vc foi para uma cidade pequena mesmo Chicão. Só que na Inglaterra... È diferente...
Eu to pensando em alguem que sai de Carmo do Cajuru, ou José Raydan, ou Ribeirão Vermelho e vem pra BH...Ou alguém que sai de BH e vai pro Rio de Janeiro ou São Paulo...(sinto que a relação é a mesma). Cidade pequena pra Cidade Grande.
Entendi, mas o que quis dizer é que rola de generalizar mais ainda... não necessariamente apenas do pequeno pro grande.
Putz, velho, falou tudo que precisava, lindo!
Acho que de BH pra Manaus teve esse mesmo espanto ingênuo e maravilhado.
Mas pra São Gabriel foi diferente, queria ter nascido lá, sabe um lance de um espaço no planeta onde você lembra de que o mundo foi um dia inteiro e completo? Foi lá.
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