Friday, February 03, 2006

É rapaz...

As cores do dia desapareciam no cinza do meu coração. Passava e por onde ia tudo apodrecia. Para mim o deserto parecia vivo, o deserto se estendia a frente confortável e alegre. Os cáctus retorcido, as pedras, os bichos rastejantes. Sentia-me no caminho certo, no caminho que precisava seguir, no caminho que eu merecia. Aos pouco achava meu canto nessa casa. E o vento, ah o vento do deserto, soberano, o vento que sussurra ao ouvido: " O tempo não existe".
Era isso que via de meu Cadillac.
A estrada convidando a partir, e quando a estrada nos convida assim, com todo esse apelo, importa pouco o nome dos lugares. Ir pra casa, sempre. Ir pra casa, mesmo quando se foge de lá, como agora. Sempre estamos indo pra casa, disse alguem mais triste que eu. Se chegamos algum dia...sinceramente duvido. Mas haverá desertos, mulheres estúpidas, cervejas quentes, corpos frios, mal cheiro, tédio, relógio parado e gasolina barata e cara. E se atropelar um cachorro no caminho, seguir, e então pensar, sempre, que poderia ter sido uma vaca.

No comments: