Monday, October 20, 2008

da série novos ditados...

Em tempos de rato, barata é boa notícia.

Saturday, October 18, 2008

Peito Vazio

Fiquei devendo a letra de Peito Vazio, ai vai:

Peito Vazio

Cartola

Composição: Cartola e Elton Medeiros

Nada consigo fazer
Quando a saudade aperta
Foge-me a inspiração
Sinto a alma deserta
Um vazio se faz em meu peito
E de fato eu sinto
Em meu peito um vazio
Me faltando as tuas carícias
As noites são longas
E eu sinto mais frio.
Procuro afogar no álcool
A tua lembrança
Mas noto que é ridícula
A minha vingança
Vou seguir os conselhos
De amigos
E garanto que não beberei
Nunca mais
E com o tempo
Essa imensa saudade que sinto
Se esvai


Friday, October 17, 2008

Volto pra Casa

É madrugada. Agora já é sábado, 18 de outubro, há tres horas e quarenta e cinco minutos. Acabei de chegar de uma salsa na Lapa. Foi interessante, reforçou em mim aquela estranheza chata de não sermos latino-americanos. Como nos ver naquelas pessoas com cara de índio. Acredito, felizmente que isso seja momentaneo, mas ainda me vejo com cara de caubói. Com todo o trabalho da fafich. Não digo essas coisas com ironia ou sarcasmo e sim com vergonha. Brasileiro tem uma relação fodida com o latino americano. com o indio.
Aqui sentado, esforço-me pra escrever mais e quem dera, melhor. A verdade é que pensei que escreveria melhor quando chegasse aqui, no rio. Como repetia atos de Braga, Sabino, Mendes Campos e etc, achava que as almas imortais desses mineiros-cariocas baixariam aleatoriamente em mim por passar pela baía de Guanabara olhando, ora pra esquerda, ora pra direita. A verdade é que ninguém veio. Fiquei sozinho. E o rio de guanabara, do pão de açucar se mostrou mais o rio dos mendigos, das crianças de rua. Dos pedintes sempre calmos ainda que na extrema necessidade. Não dá pra fazer poesia disso. Nunca tive tesão por filme de Zumbi, mas nos ultimos anos tenho achado muito interessante. Não precisa fazer mestrado pra pensar que os moradores de rua são os zumbis dessa cidade. Só falta ensiná-los a nos comer. Rastejam por aí, sujos matrapilhos, olhando pra baixo, fedendo. Dormem de dia, reviram os sacos a noite. Mas ainda não nos comem.

Thursday, October 16, 2008

Ainda sobre Elton... (na verdade talvez só fale disso para sempre)

Havia uma esperança de que no ato de ver Elton Medeiros (mais do que Herminio) encontrasse eu aquelas coisas da vida cheias de significado, cheias de cheio, das quais a gente fala com emoção, com saliva, com palavra adiantada na empolgação, pra sempre. Aquelas coisas da descoberta real, dos vinculos, das veias, entre pensamento e vida que nos atinge, e que me atingia mais há algum tempo, mas que depois vai se esvaindo... Num livro sobre o John Lennon, na verdade é uma imensa entrevista com ele, já na sua fase pós-beatles, ele conta como conheceu Yoko Ono. Ela, artista plástica, estava apresentando seus trabalhos numa galeria, e um deles era uma escada que subia até o teto, e lá havia um quadro com um olho mágico e ao olhar ele viu escrito em letras pequenas: "sim". Eu que como todo mundo normal, sempre odiei a Yoko, passei a respeitá-la um pouquinho depois disso. E com toda a preguiça particular e fundamental para com a senhora, ou melhor, senhorita arte contemporânea achei bonito, simples e fundamental, seguir um caminho sem volta, e ver ao final escrito sim, como numa escolha feliz.
Elton Medeiros é dessas figuras bonitas do samba, bonito, com estilo, uma voz fodida de boa. É sem dúvida dos grandes. Todo o momento, o entorno da palestra-espetáculo merecia na verdade um conto, ou um curta. Numa sala velha, bonita, clássica, mas decrépita com aquele cheiro aurático de abandono, 50 ou 60 pessoas, a média de idade na casa dos 70 anos. Era reunião do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, uma reunião que pelo que entendi acontece todo mês, e nessa ocasião a propósito do centenário de nascimento de Cartola, convidaram os dois artistas para cantarem e contarem a vida do homem. Confesso que foi bom saber da realização desse evento já no dia, de outra forma, possivelmente não dormiria na noite anterior. Eu que nunca tive um bichindo de pelúcia, um brinquedo preferido, ou um bonequinho dos comandos em ação favorito, via na figura do Elton, mais do que na voz, na figura mesmo, no acontecimento da criatura, uma das coisas mais bonitas do meu samba. Procurava por Shows seus na internet e no jornal toda semana e nada encontrava.
O clima era ainda que formal, bem ameno, todos muito próximos, ele andando de um lado pro outro, o Herminio com cara de dono de programa de auditório sentado na frente. E o evento começou com aquelas formalidades institucionais que depois de um tempo ninguem entende, nem quem as protagoniza. Nesse Instituto Georgráfico de bla bla, a formalidade consiste em ler as noticias referentes a essa data, da reunião, no caso 10 de outubro, na história do Brasil. Tipo Dom Pedro II inaugura ferrovia, nasce Casimiro de Abreu, o carro de presidente Washington Luis quebra na praia de Copacabana, etc... Uma senhora, ou o próprio bastião da tradição, conduz tudo, com aquela frieza necessária a tradição, que deixa claro ser impossível conduzir as coisas de outro jeito, ao mesmo tempo que não se esforça nem um pouco para parecer mais do que agradável. Depois disso ela convocou os dois artistas que passaram a conduzir o boteco, digo, o evento.
O Herminio logo tomou a palavra e se portou ali comandando geral. Começou com um samba-enredo do próprio com o Paulinho da viola sobre Cartola que foi tocado no som. A cara de Elton já ali começou a se mostrar. Enquanto tocava a música ele reclamava com o Hermínio sobre o tamanho do samba, que tava monotono, o que procedia.
A idéia era simples contar a história do Cartola, dos entrecruzamento entre os dois e o mestre, e a medida disso cantar suas principais musicas. A Elton foi passada a bola e lá ele começou a narrar quando conheceu Cartola etc. Bom, não vou narrar isso aqui não senão fica chato pra cacete. Sei que fiquei ainda mais fã do Elton depois disso. O sujeito tem uma alma dessas que transmite plenitude, domínio do tempo e do espaço. Fanfarronou bastante, cantando meio com preguiça algumas músicas. Mas quando emendou "Acontece" e "Peito Vazio", essa última, uma parceria dele com Cartola, o auditório veio abaixo. A velharada e nós cinco com menos de 40 anos batemos palma exaltados. Eu ensaiei um choro, que foi devidamente contido. Foi das coisas mais bonitas que já vi. Um homem cantando com tanta paixão. É bom ver paixão nas pessoas que fazem coisas né? Falando em paixão...

Durante a apresentação, o Herminio abria para as pessoas fazerem perguntas, o que aprendemos com a Julia que não dá certo. Eu sei que a mulher nada queria perguntar, ela só queria informar que o Cartola tinha feito "O mundo é um Moinho" para sua filha que havia se tornado uma prostituta, etc. Mas a dona, começou falando assim: "Porque eu ouvi dizer que a musica o mundo é um moinho, o cartola havia feito para uma flha dele, que assim, não casou né...". Os dois falaram que não sabia de nada disso etal, e bola pra frente. No entanto, a senhora pediu a palavra de novo, e de novo..mais umas tres vezes e na sequencia, disse mais ou menos assim. Que a filha tinha seguido um caminho diferente na vida, que a filha tinha saido de casa e ido morar na rua, que a filha havia se tornado uma mulher da vida fácil. Eu prontamente me lembrei de quando trabalhei com idosos num asilo privado. É interessante como pudor e exposição, caminham juntos. A senhora queria falar que a filha é uma prostituta, mas vinha pelas beiradas até chegar aonde queria. Como dona Ives, lá de morada nova de minas, quando queria falar algo que poderia soar preconceituoso, ou que poderia incomodar, dizia antes "é comosssediz..". Por exemplo, se determinado sujeito fosse homossexual, ela dizia. "Geraldinho ,é, como se diz, meio efeminado né...".
Tudo terminou. Na saída ainda perguntei ao Elton se ele cantava em algum canto da cidade. Ele disse que tem tocado em São Paulo, em Curitiba, mas aqui no Rio não... O que como diz o Tiaguinho merece umas duas teses. Já que essa cidade fica dando uma de samba em toda esquina...
Ao vê-lo cantando tão belamente os versos aqui debaixo, esse acontecimento tão singular trouxe caminhos, e principalmente portas fechadas escondendo sims para minha vida. Resta abrir...

Thursday, October 09, 2008

Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho



Acabei de chegar de um evento em homenagem ao Cartola, com o Elton Medeiros e o Herminio Bello de Carvalho. Dizer que foi uma coisa linda não vale. To pensando aqui o que posso falar então. Sei que foi bem interessante, em todos os sentidos. Ai vai uma provinha...
1. Pressentimento - Elton e Alcione

2 Rosa de Ouro - Paulinho da Viola, Elton, Anescarzinho, Nelson Sargento...

Monday, October 06, 2008

Um Homem ou um Rato

Tenho um rato perambulando pelas madrugadas de minha casa. Entrando e saindo de buracos que nem mesmo conheço. Mesmo desarmado, é (tal qual o Remo) muito perigoso.A verdade é que tenho bastante medo desse rato. Ainda que seja um camundongo na verdade. Um camundongo é bem melhor do que um rato. Embora isso não signifique muita coisa. É como dizer que morrer duas mil vezes é pior do que morrer setecentas. Não deixa de ser verdade.
Já faz duas semanas que convivemos com o bicho. Percebe que vou conjugando no singular, aquele da esperança. Sinto um pavor inominável dos ratos. Tem aquela cena, realmente pavororosa, do 1984, que é tipo a pior coisa que se pode imaginar (ou a segunda pior). Fico imaginando o momento que verei o bichano se esgueirar pelas minhas quinas. Vergonha própria desse nojinho todo de um bicho desses. Mas fazer o quê se as minhas peles burguesas estão a gritar.
Moral: Se sou um homem ou um rato? Provavelmente um rato para um homem e um homem para um rato (não é a toa que nós ainda não nos conhecemos)