Friday, April 04, 2008

Brincadeira de Criança

Estava dentro do ônibus, e da janela observava o que acontecia numa pequena praça, no centro da cidade. Num misto de “flaneur” e psicólogo social em estado de latência, achava particularmente interessante um grande grupo de adolescentes que conversavam animadamente. Era um grupo de cerca de 15 a 20 meninos e meninas que brincavam, riam e conversavam naquele tom de recreio, hoje já um tanto nostálgico. O psicólogo social que me habita achou interessante o fato de todos eles parecerem trabalhar dentro desses programas tipo primeiro emprego, cruz vermelha e etc, pois estavam todos uniformizados. Aquilo deveria ser a hora do almoço, e eles ficavam ali juntos, como num recreio. Deviam ter uma média de 16 anos, e articulava a presença deles ali com a emergência dos programas de emprego, como a sociabilidade juvenil era afetada...blablabla, mas aí subitamente, no outro canto da praça, na frente de um prédio antigo em reforma, onde também jovens trabalhavam na obra vi algo muito engraçado. Eram cerca de 10 meninos encostados na parede do prédio. Mais uns 5 estavam espalhados num raio próximo, meio em círculo, fazendo o famoso “quilo” e se refazendo do almoço. Duas mulheres vinham passando, desavisadas, no meio do grupo. Subitamente um dos meninos saiu correndo e gritando em direção às duas mulheres, mas aí quando o menino chegou perto delas desviou e entrou no prédio. Nisso a mulher já havia expulsado o capeta que mora entro dela do tanto que berrou. Ela provavelmente não sabia se ficava puta ou envergonhada. Só dei que o resto do grupo se dobrava de tanto rir. Eu também não me contive dentro do ônibus. Sabia, no entanto, que se tivesse no lugar da mulher talvez fizesse o mesmo. E era essa a brincadeira. Deixar na cara das pessoas o ridículo do medo dos “pivete”, dos menino “de” rua. Pelo menos ela sentiu vergonha. Eu sentiria.

4 comments:

Julia Mesquita said...

ah! mas eu gostei demais desse causo!

super vou usar nas aulas! rs!

já ta fazendo falta de novo baby!

beijos

Prós said...

Sim, a mulher foi ridícula, mas também os meninos foram ridículos. Mais do que ela, na minha opinião.

Enfim, aqui na Europa as vezes o mundo *cai* ao lado de alguma pessoa e ela nem vira o pescoço pro lado pra ver o que tá acontecendo. Não há pivetes para se preocupar...

Rafa Pros said...

Esse causo e bom mesmo... hehe..
foi ali na frente da faculdade de direito na joao pinheiro...
valeu beibe.
bejao.

Rafa Pros said...

Bom chico, os meninos foram muleques eu acho. Nem acho que ela foi ridicula. Acredito que qualquer um faria igual. Ate mesmo pq o menino vinha gritando na direcao dela, ele so desviava no ultimo minuto. mas o ponto é que se os meninos sao tratados como pivetes, mesmo nao sendo, atraves dessa brincadeira (ainda q de mau gosto), pra romantizar um pouco, eles atualizam que sao criancas, ou jovens, mas nao "bandidos"