Como é importante o posicionamento. Ocupar um lugar na terra, no momento certo, garantir o deslocamento preciso. Saber não estar em situação de impedimento. Em segundos, se movimentar e aparecer ali, onde não havia ninguém e garantir alegria. E a dor dos outros. Penso em como ela se colocava na minha vista, naquela semana, como ela aparecia no meu campo visual como se aquele caminho, que não era o do seu cotidiano, o fosse, e aí eu, eu no meio campo não lançava a bola, sempre com medo do tal impedimento. Impedido. Zero a zero.
A única alegria dessa segunda-feira, que podia ser até fevereiro, é saber que por um mistério, que a cada dia penso continuará eternamente um mistério, ela confiava nos meus lançamentos que nunca partiram. Imagino ela, ali, sempre no ponto certo, na frente, mas na mesma linha dos zagueiros, só esperando o lançamento e eu, e eu, eu...eu jogo pra trás, não confiava nas pernas, prendia o lançamento, e pensava que logo, logo apareceria uma outra chance. Ela voltava, se posicionava perfeitamente, sem ser óbvia, mas além de desmarcada, se encontrava continuamente bem posicionada; e durante uma semana ficou na minha frente e desenvolvi algumas tabelinhas que não deram em nada, e alguns passes errados, e tropeções, e ela subitamente (claro que não foi subitamente) saiu do campo, da visão, da minha vida efetiva.
Permaneceu com outro uniforme me torturando e lembrando que alguns passes devem ser feitos num momento tão único que dói, dói de ter lançado a bola no ar, na vida, solta como a um destino próprio que seria aquele nosso. Como aquele primeiro e único lançamento que fiz, e que ela com toda graça do planeta respondeu ultrapassando-me em classe e categoria, e fazendo o gol.
È o único pensamento bom que resta. É o que me sobrou daquela menina, desmarcada, sozinha naquela cantina lendo um livro, enquanto eu passava. Torturo-me com essas lembranças. E o que me dá um pouco de sal, de sumo, de mel é saber que por um momento ela confiou nas minhas pernas, no meu ir que acabou não “fondo”. Essa certeza que só existe em mim, mantém uma certa esperança. Arruinado pelo êxito, prorrogador de prazer e auto-sabotador, vivendo do que nunca aconteceu, um tipo vil, baixo. Um meta analisador da vida humana, um diretor de fantoches a brincar com a vida. E foi o momento que passou. Ela deveria desexistir para mim e ser chata e triste e não permanecer nas minhas angustias daquilo tudo que eu deixei de ter sido antes de ser.
A única alegria dessa segunda-feira, que podia ser até fevereiro, é saber que por um mistério, que a cada dia penso continuará eternamente um mistério, ela confiava nos meus lançamentos que nunca partiram. Imagino ela, ali, sempre no ponto certo, na frente, mas na mesma linha dos zagueiros, só esperando o lançamento e eu, e eu, eu...eu jogo pra trás, não confiava nas pernas, prendia o lançamento, e pensava que logo, logo apareceria uma outra chance. Ela voltava, se posicionava perfeitamente, sem ser óbvia, mas além de desmarcada, se encontrava continuamente bem posicionada; e durante uma semana ficou na minha frente e desenvolvi algumas tabelinhas que não deram em nada, e alguns passes errados, e tropeções, e ela subitamente (claro que não foi subitamente) saiu do campo, da visão, da minha vida efetiva.
Permaneceu com outro uniforme me torturando e lembrando que alguns passes devem ser feitos num momento tão único que dói, dói de ter lançado a bola no ar, na vida, solta como a um destino próprio que seria aquele nosso. Como aquele primeiro e único lançamento que fiz, e que ela com toda graça do planeta respondeu ultrapassando-me em classe e categoria, e fazendo o gol.
È o único pensamento bom que resta. É o que me sobrou daquela menina, desmarcada, sozinha naquela cantina lendo um livro, enquanto eu passava. Torturo-me com essas lembranças. E o que me dá um pouco de sal, de sumo, de mel é saber que por um momento ela confiou nas minhas pernas, no meu ir que acabou não “fondo”. Essa certeza que só existe em mim, mantém uma certa esperança. Arruinado pelo êxito, prorrogador de prazer e auto-sabotador, vivendo do que nunca aconteceu, um tipo vil, baixo. Um meta analisador da vida humana, um diretor de fantoches a brincar com a vida. E foi o momento que passou. Ela deveria desexistir para mim e ser chata e triste e não permanecer nas minhas angustias daquilo tudo que eu deixei de ter sido antes de ser.