Sunday, May 22, 2005

Julinha...

Rafael Prosdocimi

Ontem eu disse a uma moça que talvez escrevesse sobre ela. Nada que chegue a ter encontrado acesso a tão formoso sistema límbico. A informação deve ter sido catalogado como “mais uma cantada idiota que ouço nesse dia frio”. Tudo bem, ela não se lembrou de mim do outro dia quando fiquei observando a distancia sua beleza e seu encanto. Ela é linda. Dessas que me fazem perder o rumo, que por sinal eu já não tenho há muito tempo. A abordagem foi no mínimo medíocre, a fase intermediária também, então desisti prontamente de prosseguir naquela comédia de erros que definitivamente não levaria a lugar nenhum, pelo menos não há lugares tipo, cama, mesa e banho. Às vezes é sadio parar o jogo e dizer que não dá pra brincar mais. Mas a verdade é que ela sem dúvida esconde um mistério. Outra verdade, é que todas as mulheres escondem seus mistérios, aquelas coisas que elas nos falam na cama, nuas, aquelas coisas que agente ouve e responde com “unhums” meio preguiçoso e que não registramos, nem mesmo entendemos. Mas o mistério dela me parece mais interessante que das demais. Ou pelo menos ela finge melhor que tem um mistério interessante. Ela é dessas que às vezes chora na cama, uma mulher que quer ir para fora daqui, como muitas outras e outros. “Deixe-me ir preciso andar vou por ai a procurar, sorrir pra não chorar”. Acho que ela talvez precisa se encontrar.
Eu a vi meio a distancia. A verdade é que eu devo estar cheirando a desespero. Desespero por um beijo, um abraço, um encostar de corpo. Uma palavra idiota de carinho. Ela deve olhar para mim e ver esse desespero. Mas no fundo ela é de outra divisão, outro departamento, não muito acessível ao meu. Tipo eu sou o Madureira e ela o Real Madrid.
Já tinha desistido de qualquer coisa com aquela moça, mas ela poderia ter feito o favor de sair do meu campo de vista. Sumir de preferência. A imagem dela era demasiado torturante, era como se um sargentinho rabugento entrasse na minha mente e gritasse para a minha já atordoada cabeça: “Incompetente, estúpido, fracassado...rápido 10 flexões de braço”. Era como se ela ali tão linda ao alcance de minhas mãos fizessem perceber que possibilidades nada significam, e que ela com certeza iria embora e o idiota aqui também. O pensamento mais torturante do meu dia: “Nunca mais verei esta menina”. Acho que foi essa a conclusão, temos às vezes uma oportunidade única de realizar certas coisas. Como um cruzamento na área quando o atacante tem que pular para cabecear a bola no momento certo, passado esse momento, não haverá outros e o jogo ficará perdido.
Foi o que aconteceu, o jogo acabou. Sem mesmo ter começado. Um time tremeu muito antes da partida. Todos os jogadores passaram mal. O outro time mandou avisar que se recusa a jogar com um time de covardes. Que eles voltem para a 3a divisão. Não merecem este estádio, os torcedores e tão formosa adversária.

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