Thursday, February 24, 2005

Algumas notas que devem ser cuidadosamente desenvolvidas posteriormente, ou não.

Rafael Prosdocimi

-Eu quero uma mulher que suporte paradoxos, uma mulher que seja como diz um amigo: “dama na mesa e puta na cama”. Mas veja bem, e isso é importante, não uma mulher dama na cama, e outra mulher puta na cama, mas sim a mesma mulher. Que seja distante e próxima. Que me ame mais do qualquer outra coisa a não ser ela mesma. Uma mulher que seja como aquela de ontem à noite (ou quem sabe, e eu não me lembre, ela não é uma mesma de 13 anos atrás) um rosto lindo, morena como condiz a mulheres interessantes e paradoxais. Um olhar inteligente, mas calmo e ao mesmo tempo tentador. A escolha da roupa, como é importante saber vestir, quanto dizem as mulheres de si em suas vestes. Uma saia branca, que apesar de comprida até os tornozelos, de tecido leve, marcando suas pernas, seu quadril. Ela que apesar de magra possui aquilo que é necessário às mulheres, nádegas e peitos, sempre belos e com forte apelo gravitacional aos meus olhos. E por fim a blusa com um decote, simples, mas com toda maldade que a imagem de um decote nos trás.

-Devemos sempre observar o principio de Macgyver. O princípio de Macgyver diz:
“Aquilo que fazemos com o que dispomos, dificilmente é o mesmo que outro sujeito fará, dispondo dos mesmo recursos que você”. A questão é que o Macgyver constrói uma bomba, utilizando para esse fim uma frigideira, óleo e ovos. Você, no entanto, conseguirá unicamente realizar um ovo frito, e isso é o máximo. Ou seja, cada homem realiza o que dá conta com o que dispõe. Se assim não o fosse, todos aqueles que tivessem assistido às mesmas aulas tirariam as mesmas notas. Um prestou atenção no fato de Hitler ser ou não homossexual, outro que aquele bigodinho era muito ridículo; José achou interessante o pacto nazi-soviético de 1938; e o quarto pensava em como comer a professora através de se mostrar inteligente, prestando atenção naqueles detalhes que ela gostava, prestando atenção no fato dela se excitar dizendo certas coisas, o que não acontecia em outras horas. Ou seja, cada aluno a partir de uma mesma aula tira conclusões pessoais e subjetivas. Como diria Raul Seixas em uma gravação ao vivo e claramente chapado: “O homem tem 7 níveis de entendimento e cada um atinge o nível que alcança.”Talvez o que mais subia patamares na compreensão do fenômeno, da vida, seja o último garoto, pois o elo que o motiva a compreender a história da segunda guerra, é a vontade de comer a professora. E comer a professora, representa um quantum enorme de afeto, único medida possível da Vontade na vida, ou um puta reforçador primário, como diria um comportamentalista. O ultimo aluno fará qualquer coisa para conhecer tudo aquilo que a professora conhece e gosta, talvez tentar conhecer mais do que ela mesma. Mas esse assunto rende muito e já vou passar para a próxima nota.

-O filme que mais me abalou em toda a minha vida. O filme que teve essa proeza foi “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembrança”. O filme tem como tema a dor da separação e da saudade. O filme diz de terminar relacionamentos o que, para mim, é essencial no presente momento de minha vida. Não que eu precise terminar algum relacionamento, elas é que precisam. Apesar do final piegas e romântico demais, a idéia do filme (relembrando obviamente o principio de Macgyver, ou seja, a idéia do filme para mim) é que a vida é triste, separar das pessoas que amamos, ou achamos que amamos, é muito triste, mas que sem essa tristeza não há mais felicidade, não há beleza. Algo que o Vinicius e o Nietzsche sabiam bem. O filme, nesse sentido, é antes de tudo pedagógico. Alguns dizem que é ficção cientifica, para mim é uma história linda sobre o ser humano, sobre remédios, sobre “evitadores de conflito”, sobre o vazio da vida. Não há nenhum elemento cibernético no filme, e a parte ficcional é apresentada sem muito alarde, ou seja, a hipótese (absurda) de lavar de nossa mente lembranças de pessoas que deixaram de ser queridas, não é a força do filme. Apesar da possibilidade, e da teoria idiotizante de que há no amor algo que faz brilhar inclusive uma mente sem lembrança, penso que o que é lindo, e mais fundamental, é de como nos dispomos de todos os recursos contra a tristeza de nossa vida, como se ela não fosse elemento constituinte de nosso ser. “E todo grande amor só é bem grande se for triste(...)assim como o poeta só é grande se sofrer etc...”. Já cantaria Vinicius de Moraes.
Saí do filme meio bambo, meio sem rumo. Lembro-me do perigo que foi a minha presença dirigindo aquele dia, e ainda dizem que é perigoso dirigir completamente alcoolizado. E emocionado então, e triste hein??!

-Devemos aprende a bater palma direito. Se eu tiver que ensinar algo, a qualquer pessoa, que seja isso: “Se não sabes fazer nada, aprenda pelo menos a bater palma direito, na hora certa, sobretudo, para as coisas certas.”

-Mulheres minimamente belas ou belas tardias. Quando uma pessoa utiliza uma alta percentagem de tempo e glicose, parado em um quarto, com uma questão em mente, uma pergunta. Podemos dizer que importa pouco a qualidade da resposta para o nosso homem reflexivo. Ou seja, o que importa é pouco se a solução para o problema é satisfatória para a comunidade pensante, se satisfaz os requisitos racionais, e mais quanto tempo durou a reflexão, e quanto de energia e tristeza se gastou. O maior tempo de reflexão diz das considerações, e das defesas possíveis contra negativas que a resposta já encontrada irá receber. Para ser claro depois de tanta enrolação.
Por que nunca amei fêmeas da mais alta linhagem, de mais garbosa aparência? Essa era a pergunta. Não que todas elas fossem feias, algumas eram bonitas, mas não eram lindas, espetaculares. A resposta é que as mulheres muito bonitas se desenvolvem medianamente. Pois as belas penas não fazem com que elas pensem em saídas mentais, culturais para a conquista do macho em questão. Ou seja, mulheres bonitas, desde sempre bonitas, não encontram dificuldade para serem quistas, logo sem dificuldade aparente, elas não se desenvolvem em outros campos. É por isso que diferenciei mulheres belas e belas tardias. As belas tardias talvez sejam o mais lindo exemplar de mulheres possíveis. A beleza estética e a graça no olhar e no jeito de fechar e abrir a boca, com respectiva importância aos sons que daí depreendem. É claro que o buraco é mais embaixo (sem maldade), algumas mulheres feias ao invés de se desenvolverem no sentido de procurar construir artífices de sedução, desenvolvem um certo ódio consigo mesmas, contra a beleza da vida e contra tudo. Mesquinhas e velhas por antecipação. E quando dizemos feias, belas e belas tardias, digo mais da impressão social que a visão de tais senhoritas causam aos olhos dos querentes. Ou seja, uma mulher bela, desde a infância, é uma que sempre foi querida por todos. Uma bela tardia, por sua vez era preterida em razão de outras, no passado. Seu futuro pode ser lindo. De domínio das faculdades da solidão, e das capacidades que só os que foram feios têm, de sobreviver sem outros seres humanos por algum período de tempo, ela controla sua beleza. Controla seu impulso, escolhe quem quer, o que quer. Isso tudo, e é o mais importante, com graça e encanto. São as que te enganam, e você não chega nem a achar ruim, como quem percebe que ter sido enganado, ou seja, ter produzido uma ação em uma mulher charmosa e bela foi o auge de sua existência. Como são raras as belas tardias, charmosas e estupidamente cheias de vida. Ou seja, posso dizer que só me interesso por mulheres que foram desinteressantes aos 10 anos de idade.


-A infância termina quando começa a punheta. Quando começamos a nos masturbar acaba-se a infância. Sem julgamento de valor, do tipo, infância: “linda, pura e serena” e punheta: “pecado, sujeira”. Nem sei explicar isso direito, mas em mim coincide quando parei de pedir ajuda pras pessoas e parei de chorar, com a época em que comecei a prolongar meus banhos. Talvez Lacan e o resto da gangue tenham respostas, ou pelo menos eles devem achar que tem, eu não sei.

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