Saturday, February 12, 2005

palavras que não existem

Essa idéia de deixar as palavras na própria cabeça em um lugar onde elas nem deveriam existir. Esse conceito da vergonha de se expressar, o medo do que o outro vai pensar, nos afasta de quem um dia, sentiremos falta.
A verdadeira noção de que amanhã, virá o raiar esperado e pontual do sol, o espectro dessa beleza natural que marca a passagem da vida , mais do que inclusive deveria marcar; já que a vida deveria ser marcada pela passagem do beijo, do choro e do gozo, da roda de samba e do aumento de preço da cerveja. Essa técnica “desconhecida” da precisão da natureza que nos leva a ser assim pontuais e previsíveis. Essa estupidez de achar que a grande graça de tudo é o manter, o empate: um bom resultado, sem perceber que a graça está no sorriso descontrolado.
O mundo para muitos é esse ai e é bom, pra alguns não há nada de bom, os sensatos, no entanto, reconhecem a beleza do casal que namora na mesma praça, há dezenas de milhares de poentes, mas também reconhece a tristeza de se ver valorizada a mediocridade, de se ver a exploração do sofrimento, a banalização do sentimento. Esse choro dissimulado desses que tentam ensaiar na vida, mas como alguém já disse: a vida é o próprio ensaio dela mesma, não há tempo pra se ensaiar. Fiquemos então com o improviso, improvisemos mais, deixemos o outro falar, que se espere ouvir pra então se dizer, que se deixe as palavras entrarem na cabeça, fazerem sentido, produzirem uma emoção, uma dor, caminhando pelo trajeto desconhecido da mente e culminando numa grande demonstração de qualquer coisa. Que não sejamos enganados por palavras e falas prontas, que se valorize a capacidade de se estar vivo e presente a cada momento,de responder na hora, de mudar de idéia, de sorrir ou chorar.

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